quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Amigo Maior


" Amigo; maior que o pensamento; vem por esta estrada; Amigo, vem..."


Zeca Afonso- Trás Outro Amigo Também

Amigo maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem-vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Medos e desejos

Quando acreditamos que as qualidades superam os defeitos, concretizamos desejos. 



Alcoolémia Areia de Pedras Salgadas

Matam-me a sede os beijos que me dás
Esta sede que sinto
Sei que só eles a podem matar
Vou descobrindo desejos e medos
Segredos que escondes tão bem
No sorriso que tens no olhar
Profundo verde-mar
Verde inocente aguarela de amor
Delicado toque de mestre... Do criador
Se preciso de ti... sei sempre onde estás
És o meu porto de abrigo, que me guarda do perigo
Eu sei que pertenço ao teu mar
Quem assim te fez não sabia
Que me condenava
Com um só beijo teu

Se um dia... a minha vida quiser chegar ao fim
Fico bem... eu sei que serei
Areia de pedras salgadas
Onde passeias e as tuas pegadas
Ficam marcadas em mim

Apagam-me a dor os abraços que me dás
Esta dor que eu sinto
Sei que só eles a podem apagar
Algumas feridas, só tu podes curar
Se um dia te perder não sei como vai ser
Não sei como vou ficar

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Seja Feliz Hoje

“Não fique parado(a) perdendo sua vida, seja feliz hoje, o tempo é acelerado e o amanhã pode ser tarde demais.”





 O Beijo do Sol - Paula Teixeira

Mergulho bem fundo
E procuro por mim
Vou esquecer o mundo
E tudo o que me deixou só assim

Quero fechar esta porta
Que um dia alguém abriu
Hoje o frio já corta
Mas a dor ainda não saiu

Vagueio na incerteza
As cartas estão sobre a mesa
Mas já ninguém vai ganhar
Somos escravos dos medos
Que nos fogem entre os dedos
E não sabemos agarrar

Sei que o sol vai descer para me beijar
E dar cor às palavras que eu vou cantar
Vai deixar-me à deriva olhando o céu
Neste mar revolto que sou eu

Espero que as vagas de espuma
Apaguem estas marcas do chão
Que desenhámos na bruma
De sentimentos e ilusão

Fizemos sonhos de areia
Ficámos presos na teia
Que a tempestade destruiu
Lemos promessas ao vento
Não passou de um momento
Hoje penso que nem existiu

Sei que o sol vai descer para me beijar
E dar cor as palavras que eu vou cantar
Vai deixar-me à deriva olhando o céu
Neste mar revolto que sou eu

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Reunimos Condições

“Mas nem todos temos a sensibilidade de antever e entender a necessidade da outra pessoa” 


Miguel Gameiro - Porque é que a Gente Não se Dá

Temos tudo para dar certo
Temos o vento a favor
Temos o caminho aberto
Vamos ao sabor

Temos o sol pela frente
Onde quer que a gente vá
Então porque é que a gente não se dá?

Temos pedras no caminho
Toda a gente as têm
Deixa estar não estás sozinho
Tens me a mim também

Temos mais de mil defeitos
E perfeitos já não há
Então porque é que a gente não se dá?

Podem vir de frases feitas
Cheios de boas intenções
Ainda não há receitas
Para encontrar dois corações

Podem vir de qualquer lado
Apesar do que lá vem
Eu não te troco por ninguém
Eu não te troco por ninguém

Temos tudo para dar certo
Reunimos condições
Caminhamos lado a lado
Em diferentes direcções

Gosto de te ter por perto
O melhor ainda lá vem
Afinal a gente até se dá bem
Afinal a gente até se dá bem

Podem vir de frases feitas
Cheios de boas intenções
Ainda não há receitas
Para encontrar dois corações

Podem vir de qualquer lado
Apesar do que lá vem
Eu não te troco por ninguém

Podem vir de frases feitas
Cheios de boas intenções
Ainda não há receitas
Para encontrar dois corações

Podem vir de qualquer lado
Apesar do que lá vem
Eu não te troco por ninguém
Eu não te troco por ninguém

Podem vir de frases feitas
Cheios de boas intenções
Ainda não há receitas
Para encontrar dois corações

Podem vir de qualquer lado
Apesar do que lá vem
Eu não te troco por ninguém

Podem vir de frases feitas
Cheios de boas intenções
Ainda não há receitas
Para encontrar dois corações

Podem vir de qualquer lado
Apesar do que lá vem
Eu não te troco por ninguém
Eu não te troco por ninguém
Eu não te troco por ninguém.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Carência


“A carência causa a necessidade imediata do fantasioso e do inexistente”


Jorge Palma - Valsa Dum Homem Carente

Valsa dum homem carente
Se alguma vez te parecer
ouvir coisas sem sentido
não ligues, sou eu a dizer
que quero ficar contigo
e apenas obedeço
com as artes que conheço
ao princípio activo
que rege desde o começo
e mantém o mundo vivo

Se alguma vez me vires fazer
figuras teatrais
dignas dum palhaço pobre
sou eu a dançar a mais nobre
das danças nupciais
vê minhas plumas cardeais
em todo o seu esplendor
sou eu, sou eu, nem mais
a suplicar o teu amor

É a dança mais pungente
mão atrás e outra à frente
valsa de um homem carente
mão atrás e outra à frente
valsa de um homem carente

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sem esforço

“Temos a capacidade de olhar e de imaginar imensos diálogos, que nunca vão acontecer.”



Susana Félix – Flutuo

Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
O meu destino está fora de mim e eu aceito
Sou eu despida de medos e culpas, confesso

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
Amanhã

Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
Amanhã, pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais que perfeito

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar
Amanhã, amanhã
Hoje eu vou fugir para não me dar a vontade de ser tua

Só para não me ouvir dizer que as coisas vão mudar
Amanhã, amanhã, amanhã
Flutuo

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Não fui eu que gastei

Não tenho que pagar por aquilo que eu não fiz


Aquilo Que Eu Não Fiz -Tiago Bettencourt

Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz
Não me fazem ver que a luta é pelo meu país
Eu não quero pagar depois de tudo o que dei
Não me fazem ver que fui eu que errei

Não fui eu que gastei
Mais do que era pra mim
Não fui eu que tirei
Não fui que comi
Não fui eu que comprei
Não fui eu que escondi
Quando estavam a olhar
Não fui eu que fugi

Não é essa a razão
P'ra me quererem moldar
Porque eu não me escolhi
Para a fila do pão
Este barco afundou
Houve alguém que o cegou
Não fui eu que não vi

Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz
Não me fazem ver que a luta é pelo meu país
Eu não quero pagar depois de tudo o que dei
Não me fazem ver que fui eu que errei

Talvez do que não sei
Talvez do que não vi
Foi de mão para mão
Mas não passou por mim
E perdeu-se a razão
Tudo o bom se feriu
Foi mesquinha a canção
Desse amor a fingir

Não me falem do fim
Se o caminho é mentir
Se quiseram entrar
Não souberam sair
Não fui eu quem falhou
Não fui eu quem cegou
Já não sabem sair

Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz
Não me fazem ver que a luta é pelo meu país
Eu não quero pagar depois de tudo o que dei
Não me fazem ver que fui eu que errei

Meu sonho é d'armas e mar
Minha força é navegar
Meu norte em contraluz
Meu fado é vento que leva
E conduz
E conduz
E conduz

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Agarrados a alguns ossos

“Chega um dia que somos rejeitados da sociedade e tornamo-nos amigos da solidão”


José Mário Branco - Do Que Um Homem É Capaz

Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
Para chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
Para levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho

Vejo gente cuja vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados a alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Com as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
Para consumir sozinho

Com políticas concretas
Impões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Com a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo pelo caminho
Para castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho

Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
Para subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quando a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-se sozinho

Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
Para quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há princípios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho
E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho